MENSAGEM

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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Infiltração põe em risco o Casarão de Brigadeiro Tobias

Obras não podem ser feitas de imediato, devido ao período eleitoral e vão ficar para o próximo prefeito.

   O imóvel tem quase 140 anos e é um dos principais cartões-postais da cidade- Por: Adival B. Pinto
 


A estrutura do Casarão de Brigadeiro Tobias está em risco por causa da infiltração. O problema constatado há cerca de dois anos, durante a última reforma de restauração, foi revelado na tarde de ontem pelo secretário municipal de Cultura e Lazer, Edmilson Chelles Martins. O imóvel com quase 140 anos de existência e historicamente reconhecido por órgãos federal e estadual do patrimônio necessita das obras que ficarão para o próximo prefeito, segundo disse o secretário, porque a legislação impede que a contratação de empresa para realizar o serviço seja feita durante o período eleitoral. "Em época de chuva a água não drena e o problema começa a aparecer nas paredes", afirmou.

Chelles afirmou que a situação coloca em risco a estrutura da casa a longo tempo, mas declarou desconhecer exatamente por quanto tempo. Disse que se permanecer como está, poderá haver afundamento do alicerce do imóvel e trincas, mas descarta o risco do imóvel ceder. Além do chão e paredes que ficam úmidos por causa da infiltração, o secretário frisou que começou a verter água constantemente a alguns metros do imóvel, em direção ao lago existente na proximidade. Segundo ele, isso ocorreu após a construção do contorno entre os quilômetros 87 e 89 da rodovia Raposo Tavares (SP-270), cujo trecho fica próximo ao casarão.

Chelles declarou que a situação foi avaliada e os técnicos apontaram para a necessidade da construção de um sistema de drenagem, canalizando a água para o lago nas redondezas. Conforme o secretário, o problema poderá ser resolvido com intervenções no solo do entorno, ao invés no casarão propriamente dito, mas mesmo assim dependerá de autorização de órgãos ambientais, do patrimônio histórico e de parceiras com o governo para a obtenção de recursos.
Taipa de pilão
O doutor em Engenharia Civil e coordenador de curso na Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens), José Antonio de Milito, explicou que a construção característica do Casarão de Brigadeiro Tobias, de taipa de pilão, com barro e madeira, tendem a deteriorar com mais facilidade do que as de pedra ou alvenaria. "Se a madeira fica sob a água ela conserva, mas se metade estiver em contato com o ar e a outra parte com a água, ela apodrece", declarou. O doutor em engenharia civil declarou que é preciso um estudo minucioso para avaliar o risco da situação, do contrário não dá para opinar em quanto tempo o imóvel pode ser prejudicado.

O engenheiro disse que a umidade não é tão grave para estrutura como a infiltração, cuja água começa a acomodar a terra em seus espaços vazios fazendo que o terreno e alicerce do casarão possam ceder, provocando trincas, fissuras ou rachaduras (dá para enxergar do outro lado da parede). "Se não houver nada visual não está tão complicado", pontuou Milito, enfatizando que é prematura qualquer opinião sobre a real situação sem fazer uma análise geral. "Pode ser que demore 20 anos (para surgirem problemas) ou ocorra amanhã", finaliza.
Imóvel deveria abrigar um museu
Os grandes cadeados na alta porta de madeira maciça na entrada do casarão são evidentes: o local onde deveria ao menos existir um museu não está sendo aproveitado. O Casarão de Brigadeiro Tobias é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do Estado de São Paulo (Condephaat) e pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ele passou a abrigar o Centro Nacional de Estudos do Tropeirismo em 1981, após a primeira obra de revitalização, mas está fechado para essa atividade desde o final dos anos 1990, quando passou por outra reforma. Desde então, o local abriga eventos esporádicos. A atual intenção é tentar promover eventos semanais em cerca de um mês, para o local voltar a ser utilizado, antes mesmo do restauro. O jornalista e historiador Sérgio Coelho lamenta o período em que o local está sem atividades.

Em dezembro de 2007 teve início a mais recente obra de restauração, por meio de parceria entre a Prefeitura e a concessionárias de rodovias Viaoeste, com recursos do fundo de compensação ambiental, por causa das intervenções na rodovia Raposo Tavares. O ex-secretário de Cultura, Anderson Santos, anunciou em 2009 que após o término do restauro seria preparado o projeto museuológico do local. A chefe de divisão de Patrimônio Histórico e Próprios Culturais da Secretaria Municipal da Cultura, Sônia Nancy Paes, frisou esta semana que a iniciativa depende da conclusão das revitalização do local. Já as obras de revitalização, antes, precisam ter os projetos aprovados pelas entidades de preservação e definidos os recursos financeiros.

Para promover eventos ainda neste ano, a Secretaria da Cultura contratou a empresa Fábio Pilão Engenharia Ltda., para construir um barracão, três banheiros com vários sanitários e uma cozinha, pelo valor de R$ 110 mil. A intenção agora é contratar algum expositor que possa ceder materiais ligados ao tropeirismo, pois a maior parte do acervo que ali existia foi furtado, mencionou o atual secretário de Cultura e Lazer, Edmilson Chelles Martins. O expositor ainda terá a incumbência de promover palestras durante as atividades semanais previstas para o local.
Quem foi o Brigadeiro Tobias?


Nascido em Sorocaba, em 1795, Rafael Tobias de Aguiar foi um político e militar brasileiro. Conhecido como "Brigadeiro Tobias de Aguiar" foi um dos chefes da Revolução Liberal de 1842, em São Paulo. Brigadeiro Tobias entrou na vida pública em 1821, representante da comarca de Itu para a escolha dos deputados brasileiros às Cortes Gerais e Constituintes de Lisboa. Juntamente com o padre Diogo Antônio Feijó, comandou a Revolução Liberal de 1842 para combater a ascensão dos conservadores durante o início do reinado de Dom Pedro II.

No ano da Revolução, foi proclamado pelos rebeldes como presidente interino em Sorocaba, que foi declarada capital provisória da Província pelos revolucionários. Foi derrotado pelas forças imperiais e tentou a fuga para o Rio Grande do Sul, para juntar-se ao rebelados da Guerra dos Farrapos. Levou para o Rio Grande do Sul o primeiro cavalo malhado de que se tem notícia e, por isso, até hoje esse tipo de cavalo é chamado de "tobiano" no local.

Rafael Tobias de Aguiar foi o chefe mais popular do partido liberal paulista e considerado entre os notáveis da história da pátria. Foi casado com Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa de Santos, ex-amante de Dom Pedro I e com quem já tinha seis filhos. Ele morreu numa viagem de Santos para a capital do Império, a bordo do vapor Piratininga, em 7 de outubro de 1857, vítima de uma doença desconhecida. É considerado o patrono da Polícia Militar do Estado de São Paulo e seu nome figura no primeiro Batalhão de Choque da corporação, a Rota.FONTE:Jornal Cruzeiro do Sul

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